terça-feira, 10 de agosto de 2010

Um relógio sem funções II (continuação)


Desista de fugir, não há como escapar. Eu ainda lhe farei melhor e pior do que já foi capaz de ser. Um ‘pior’ que ninguém saberá substituir.
Volte logo, meu amor. Corra destes abraços mórbidos e entregue-se ao meu sufocante. Venha conhecer as coisas boas que realmente importam. Mate essa alegria falsa que o cerca a todo o momento. Traga meu tempo de volta, eu já não vivo mais sem os segundos. Os relógios já não contam as horas sem tua presença por perto.
Sabe ao menos como eu anseio pelo teu amor? Sabe como eu espero pelo teu abraço?
Você não faz idéia, pobre amor. O infinito é apenas a metade da minha vontade de apossar de do seu coração.
Quando te encontrar e me aproximar de você, não haverá mais ar para respirar. Então, entregue-se de vez ao meu amor platônico e deixe-se cair em meu colchão de agulhas; venha se anestesiar dessa tristeza avassaladora olhando em meus olhos vazios e cativantes.
Meu mundo não gira sem você preso ao meu lado. Os relógios estão todos derretidos, espelhados ao além. Relógios sem função lógica; apenas enfeitam essa paisagem horrível.
Uma vida sem sentido; um coração onde reina somente o ódio por não te ter e a obsessão por um dia ser sua dona. Como um mímico que não fala sem suas marionetes, você ainda me pertencerá, pois sem você eu não sou capaz de pronunciar.
Tenho os lábios costurados e só me resta escrever.
E é assim... Você e a vida, ou a solidão e a morte.
Hoje os relógios estão todos derretidos... O tempo se enlouquece, perde a noção sem você por perto. O Sol se esconde, a Lua se revolta no céu e ofusca o brilho das estrelas com o seu rancor. O ar vai me faltando aos pulmões, e a escuridão vai tomando conta dos meus olhos. Hoje, todos os relógios já estão derretidos...

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